David Melo: Portugal confirma presença na Edição Internacional

O Enduro da Independência vai contar, pelo segundo ano consecutivo, em 2024, com a participação do piloto português David Melo.
Se a prova já recebeu com antecedência o nome de Edição Internacional, o cenário é perfeito.
E sabem por que não foi difícil adivinhar que ele irá marcar presença? Logo no primeiro contato feito pela equipe de comunicação do EI perguntamos sobre a prova disputada em 2023 e a resposta dele sabem qual foi? “Inesquecível”.
Decidimos, então, conhecer um pouco melhor este piloto internacional, descobrir de que modo ele conheceu e se interessou pela prova mais tradicional da modalidade no Brasil (e no mundo).
A Edição Internacional será a 42ª consecutiva do Enduro da Independência, vai ocorrer de 4 a 7 de setembro e a largada será em Ouro Branco (MG), uma das cidades que sediou a prova em 2023 e encantou 300 pilotos de todo o Brasil e do exterior.
Acompanhe a seguir este bate-papo com o piloto português David Melo, sexto lugar na categoria GPS na Edição Inesquecível.

Fala, David!

David Melo está encantado com a participação no Enduro da Independência: “Inesquecível”

EI: Pode nos contar um pouco da sua trajetória pessoal? Quando veio de Portugal para o Brasil? Poderia nos contar um pouco também sobre a sua família, sua idade, a atividade que desenvolve hoje e o lugar em que mora no Brasil?

David: Sou português, nasci no Porto, tenho 40 anos, estou no Brasil desde 2011. Conheci a minha esposa, que é brasileira, lá em Portugal. A gente casou lá e por conta da crise em 2011 decidi vir pra cá. Eu sou engenheiro mecânico e trabalho com ar condicionado. Eu tenho uma empresa que montei de instalação focada em sistemas prediais.

EI: Sobre a sua participação em provas de enduro de regularidade: quando começou? Qual foi a motivação ou o que despertou o seu interesse para disputar o Enduro da Independência?

David: Minha esposa brasileira é de Itupeva (SP). A gente mora desde então aqui, eu já tenho dois filhos, uma filha de nove, um filho de quatro, acabei de pegar a minha naturalização brasileira. Gostamos de morar aqui nessa região. Lá em Portugal eu já andava de moto de Enduro, e aí conheci uns amigos aqui que também andavam e comecei a andar, tive moto durante uns anos aqui, só que eu já fiz duas cirurgias no joelho por conta da moto e na última, foi numa prova que a gente fazia no Calango Sego, cheguei a correr Enduro Fim, aquele rally point e alguns cross-country que a gente fazia aqui, só que nessa última lesão eu desisti, enfim, com os filhos pequenos, e dei uma parada. Em 2013 eu já tinha feito o Enduro de Independência, que saiu de Vitória, e foi até Ouro Preto. Eu adorei o formato, tenho um amigo meu que já fez umas cinco vezes o Enduro de Independência,daí este ano voltamos a pensar a fazer novamente, reunimos um grupo de amigos e fomos, quatro pessoas aqui de Itupeva, de São Paulo Fomos na categoria GPS.

EI: Qual a sua avaliação sobre a prova e sobre o seu desempenho na prova?

David: O primeiro dia foi bem complicado, não estou em forma física, eu fui de moto para a prova. Fui de moto emprestada, esse meu amigo me chamou, porque nesse momento eu estou sem moto. O primeiro dia estava muita chuva, não consegui aguentar até o fim do dia, tentamos ir com as motos até a segunda prova do dia, mas já ficamos atrasados mas muito bonita a Serra de Cunha, pena que choveu e que a nossa categoria era os últimos a passar tava tudo muito enlameado, muito charco, a moto ficou presa duas vezes. Nos outros dias correu melhor, aí já consegui ganhar um pouco mais de ritmo e terminei em quarto, terceiro no terceiro e segundo no ultimo dia. Adoro, fiquei feliz com o enduro de regularidade. A gente está pensando até ano que vem fazer o regularidade paulista. Acho que é uma forma muito legal de a gente conseguir usufruir da natureza e fazer uma mudada de trilha.

EI: Que pontos chamaram mais a sua atenção ao longo dos quatro dias de competição?

David: O que me chamou mais a atenção na regularidade foi a camaradagem, a confraternização entre os pilotos. Embora seja uma prova, a gente esteja disputando, todo mundo se ajuda bastante, todo mundo conversa, se conhece, está conversando o tempo inteiro durante o dia, após a prova, antes da prova, não é aquela competição assim de, “ah não, eu quero ganhar de você, eu vou te ferrar”. Há pessoas que fazem isso há muitos anos seguidos e já têm muita experiência, então vão passando essas técnicas para os outros e você vê brasileiros de todo o país, que para mim é uma dimensão muito grande. Não estou acostumado com isso, a minha escala de Portugal é bem menor, então você vê pessoas do norte, pessoas do sul, nordeste e todo mundo vem muito apaixonadamente. Viveram a semana aí do que é o independência e achei isso um diferencial muito grande. Você já faz amizades assim rápido, todo mundo meio está preparado para isso, enfim, uma das maiores experiências que eu tenho aí de Brasil, que eu tenho há 12 anos, principalmente você vê o do último que fiz em 2013, é muito bonito Minas, eu lembro que andava no meio da prova, no meio do nada, de repente vocês veem aqueles sítios, umas pessoas com uma vida super simples assim, tinha aquele horário das 3 da tarde que vinha aquele cheirinho de café da tarde, vinha um cheirinho de pão, nossa, isso aí está gravado na minha memória, sabe, experiência de vida assim. E o que mais me impressionou é que tão perto aqui, quando eu vivo aqui, as pessoas vivem em uma forma muito simples, muito remota, assim, você vê que a pessoa tá cozinhando a sua comida, produzindo o seu alimento, da roça mesmo, né? Uma forma bem simples, a gente tá nessa pilha da cidade, aí às vezes esquece que tão perto da gente aqui tem pessoas que conseguem ter uma vida assim, deve ser sofrida, mas também deve ser muito prazeroso.


EI: Pretende voltar a disputar o Enduro da Independência?

David: Sem dúvida. Vou ter que comprar moto. Eu gostaria muito de fazer o Paulista da Regularidade para ficar um pouco mais esperto na navegação. E o ano que vem, com certeza, estarei presente na edição 42 do Enduro da Independência.

EI: Essa modalidade é considerada genuinamente brasileira. Na Europa você acompanhava ou acompanha provas de motociclismo de outras categorias?

David: O regularidade é bem genuíno aqui brasileiro. Lá na Europa o que a gente fazia muito com meu grupo de amigos de motos, a gente, ir lá na Europa é muito tradicional o Enduro, principalmente em Portugal, já há muitos anos, o Campeonato Mundo do Enduro, o fim passa em Portugal e a gente ia todo ano o grupo de amigos, acompanhava a prova de ficar no meio da trilha com os pilotos.
Então é uma oportunidade que a gente tinha de ver esses pilotos ferais aí no Campeonato do Mundo, a gente via eles passando do lado da nossa moto assim, né? Quando eles viam a gente deixava passar e depois a gente entrava de novo atrás deles. E só vendo essa galera andar aí, você já aprende bastante. Da mesma forma que nesse ano eu vi o pessoal aí da Elite andando, no Independência. Só o fato de você ver aí o pessoal andando, da forma que ele toca a moto, você já grava alguma coisa no seu cérebro e tenta aplicar uns 2%. E resulta, hein?

Texto: Misto Quente Comunicação

Fotos: Arquivo Pessoal