Entre os momentos históricos e já eternizados vividos no 42º Enduro da Independência, disputado de 4 a 7 de setembro de 2024, com mais de 800 quilômetros em trilhas incríveis entre as cidades mineiras de Ouro Branco, Lavras e Baependi, um chamou a atenção.
O piloto Edson Castro de Maciel, o Dinho, de Lagoa da Prata (MG), não só sagrou-se campeão na categoria Over 55 como tornou-se o piloto em atividade com o maior número de participações na prova desde o primeiro EI, em 1982. Já são 37 vezes competindo na prova mais tradicional da modalidade no Brasil (e no mundo).
“Eu fui a partir do quarto Independência. No total, dos 42, só faltei em dois. Um porque meu pai estava acidentado e o outro fui de apoio”, faz as contas Dinho, orgulhoso da marca alcançada num esporte tão diferenciado e de características singulares.
Conversamos com o piloto sobre a marca atingida, o título numa categoria de amigos de longa data e a inédita participação das big trails.
EI: O que isso significa pra você ser o piloto em atividade com o maior número de participações na prova?
Dinho: “Olha, eu lembro como se fosse hoje. Eu aqui na minha cidade, uma dupla de motoqueiros mais velhos me chamando para participar do Enduro, que era o Enduro da Independência. Eu falei: nossa, mas quatro dias? Mas vamos lá, deve ser muito bom. Eu era novo. Meus pais deixaram e fui com eles.
E hoje já se vão mais de 37 anos, com vários casos para contar, muitas passagens. Engraçadas, perigosas, muita alegria, mas muito sofrimento. Antigamente eu já coordenava um pouco a logística de hotel, de apoio e a gente várias vezes no Enduro de Independência eu arrumava o hotel na hora que a gente chegava do Enduro. Lembro uma vez em Juiz de Fora, chegando e fui procurar o hotel. A chegada era longe do centro e eu saí com a moto de trilha para procurar o hotel. Achei um bem longe, lá no centro da cidade, aí eu voltava para pegar a minha turma e nós íamos de comboio até o hotel. Então foi muito sofrimento. Uma vez nós dormimos no quartel do Exército em São João del Rei.
O tempo passa rápido… Trinta e sete anos depois é que a gente vê o feito nosso porque não é fácil toda época do 7 de setembro você estar disponível para Enduro. Mas foi muito bom. Sinto orgulho de hoje ser em atividade o que tem mais participações e, no geral, ser o segundo que tem mais participações, só atrás do Euclydes. Muito bom mesmo. Mal eu sabia que aquele convite que eu recebi anos atrás ia se tornar nesse feito.
Já tive participações em todas as categorias: na elite, graduado, novato, já subi no pódio em todas, todas eu tenho um troféu e infelizmente eu tenho poucas vitórias, muitas vezes vice-campeão. Corri em todas as categorias, começando na novato, e até na elite, indo agora para as categorias que são classificadas por idade. Muito bom.”
EI: Como foi a prova e a sua vitória este ano?
Dinho: “Muita gente não entende, mas o Enduro da Independência é um Enduro maior e de ligações de cidade para cidade. Então algumas etapas têm um pouco mais de estrada mesmo. Este é um Enduro que não é só habilidade, é um pouco de resistência também. Este ano teve um dia de 10 horas de prova. O Independência é isso, é uma prova tradicional, que cada etapa é de um jeito. Algumas etapas mais longas, com mais estradas, outras com mais trilhas.
É o conjunto dos quatro dias do Enduro que faz a gente se dar bem ou não. Gostei da prova devido a isso, a essa logística, de alguns dias longos e uns dias mais tranquilos. Teve dia de dez horas, mas teve dia de quatro horas e meia, como no último dia, e todas mediram a competência do piloto. Foi muito boa a prova”.
EI: Como é esta categoria Over 55? Costuma-se dizer que nestas categorias a disputa pode ser até mais acirrada que outras, em função da qualidade e da experiência de seus participantes. É isso mesmo?
Dinho: “Este ano fui campeão na Over 55, uma categoria em que no mínimo os pilotos são bem experientes em roteiro e em pilotagem. Só para se ter uma ideia: tem um concorrente meu, que além de concorrente é um grande amigo, o Noé de Oliveira, que nossa disputa já tem mais de 30 anos, há mais de 30 anos eu e Noé estamos sempre disputando. Na (categoria) elite, na graduado, na Over 40, 45, 50 e agora estamos disputando a 55. Tem o Péricles também, do Paraná, o Marcinho Miranda, que é aqui da minha cidade… São pilotos que eu já conheço há mais de 20 anos. É uma categoria bem concorrida devido à grande experiência dos pilotos. Todos têm muita experiência em roteiro e, apesar da idade, todos ainda andam muito bem de moto”.
EI: Como você viu a inclusão das big trails no Enduro da Independência?
Dinho: “Vale lembrar que o independência, o Cerapió e o Ibitipoca Off Road estão entre as três maiores provas da modalidade de regularidade no Brasil e todas elas têm outras modalidades incluídas. O Ibitipoca tem a modalidade carro, o Cerapió tem a modalidade bicicleta e carros. Essa introdução da big trail no Enduro da Independência tende a crescer. Sabendo a colocação delas, colocando elas no lugar certo, competindo com as motos normais e entre elas, sabendo colocar o lugar delas, essa categoria foi muito bem aceita e com certeza vai ser vai arrumar muito mais adeptos nos anos seguintes. Gostei dessa categoria”.
EI: A que você atribui esta longevidade do EI, completando este ano sua 42ª edição consecutiva?
Dinho: “Todo evento para se tornar tradicional, a primeira coisa que tem que ter é a organização, coisa que o Enduro da Independência na gestão do Lúcio está tendo, e muito, porque com organização o evento tende sempre a crescer. Este ano não foi diferente, a organização foi muito boa. O que é a organização? É o local de largada e chegada, têm que ser muito bem montados. No caso, tanto a largada como a chegada foram muito boas e claro que fica diferente conforme são as cidades sede. É saber aproveitar o máximo da infraestrutura de cada cidade e isso se faz com a organização. Os médicos durante a trilha, as ambulâncias. E este ano o Lúcio colocou até um helicóptero para dar um auxílio aos pilotos. O helicóptero teve que ajudar no socorro a uma piloto, mostrando que com a organização dá para fazer um evento grande e seguro. Claro que pode ter alguns acidentes, isso é inevitável ao esporte. O esporte tem esse risco, mas sabendo organizar, como está sendo feito nas mãos do Lúcio, o evento ainda tem caixa para durar mais muitos tempos, se Deus quiser”.
Texto: Ivan Elias – assessoria de imprensa EI
Fotos: Léo Tavares e arquivo pessoal
Coordenação: Lúcio Pinto Ribeiro