Quanta emoção! Trinta anos depois, o EI passa bem na frente do quintal de Dadá

  Emoção, trabalho, superação, orgulho e saudade.

  Uma destas palavras ou – melhor até – todas elas podem ser escolhidas para nos auxiliar a descrever o imenso significado que o tradicional Enduro da Independência, já em sua 39ª edição, traz para centenas de pessoas.

(Observação: as inscrições para a prova de 2021 terminam nesta quinta-feira, dia 19)

   Falamos especificamente de um menino. Cena 1. Flaskback. Início da década de 90. O garoto Danildo Tadeu dos Santos está sentado numa pedra, vendo um tantão de moto passar, grita “acelera” para cada piloto e sonha em ter uma moto de dois tempos. É o Enduro da Independência na memória.

  Cena 2. Estamos em 2021. Dadá, como é mais conhecido pelos amigos, hoje dono de uma bonita pousada em Aiuruoca, tem muito orgulho de sua moto dois tempos adquirida com trabalho e verá, novamente no seu quintal, aquela mesma prova de 30 anos atrás. É o Enduro da Independência que segue fazendo história, e quem sabe vai encantar outros meninos sentados em pedras e barrancos?

   Como nem sempre encontramos as palavras ideais para recontar coisas bonitas, vamos deixar aqui o registro do próprio Dada, enviado especialmente para o site oficial da prova. Acreditamos que seja a melhor forma de todos perceberem o filme que o EI é capaz de proporcionar.

  Vamos ao depoimento dele:

 “Nasci em 1983. Cresci na Serra da Mantiqueira, a 1.700 metros de altitude. Em 1992 ou 93, não lembro com certeza, moleque de roça, estudava numa escolinha pé no chão. O Enduro da Independência passou do lado da escola onde a gente estava sendo alfabetizado. Naquele momento tive o primeiro contato com o que é uma prova. Passei o dia em cima de uma pedra olhando as motos passar. Fiquei na beira de um barranco gritando para todo mundo acelerar”.

 “Ali nasce o sonho de ter uma moto. Por incrível que pareça uma dois tempos. Foi a primeira que eu pude comprar Agrale 27.5 preta e vermelha. Por consequências da vida e escolhas optei por ficar no meio do mato. Filho de produtor rural, não tendo condições de sustentar eu saio, trabalho, escolho ficar na roça, compro uma propriedade e monto uma pousada”

“Pousada essa que hoje me dá condição de poder voltar a ter todos os meus brinquedos e realizar o sonho que é ter a motocicleta. E voltar a realizar o sonho que é participar de uma prova do Enduro. Hoje com o que tem de melhor em tecnologia de moto, dois tempos por sinal, novamente. Tenho muita satisfação e orgulho de poder ajudar. E uma emoção muito grande de estar envolvido com uma das provas que promete despertar este sonho 30 anos depois, por onde vão passar estes 700, 900 quilômetros de trilha do EI 2021”.

“Que possa estar despertando em outros meninos da área rural do interior deste Brasil como aconteceu comigo. Tenho um sentimento tão grande pelo evento porque o que é uma criança da roça ter contato com isso. O quanto que muda, o quanto que fica. Você imagina para mim, 30 anos depois, poder entender o que é estar dentro de uma prova. E ela estar passando de volta na minha casa, no meu quintal”.

“Hoje eu acordo e agradeço a oportunidade da subsistência do homem do campo sem esquecer das minhas origens. Essas origens que me dão condição de poder usufruir de escolhas feitas com muito empenho, muita dedicação. E sabendo que independente do lugar em que você esteja o senhor, o adulto, o jovem, a criança que eu sou nunca vou deixar morrer o sonho. Quem diria que há 30 anos atrás estaria olhando aquela imagem que nunca vou esquecer. E aquelas motos da época para época de uma tecnologia muito avançada mas hoje até se tornaram bastante obsoletas. Olhar para o que tem acesso hoje a tecnologia e ver que a gente sonhava com tão pouco. Hoje só temos a agradecer”

 “Acho que o evento deste ano está tão bem planejado que a expectativa é de aceitação de todos os municípios, dos rurais. Tende-se a ser um dos melhores. É o que eu desejo e o que eu trabalho para que isso se realize da melhor maneira possível”.

Obrigado pelo depoimento, Dadá. E vamos ver, se Deus quiser, daqui a 30 anos como estarão as crianças, as motos, essa modalidade tão especial que é a regularidade e os incríveis cenários da natureza brasileira.

Texto: Misto Quente Comunicação

Foto: Arquivo Pessoal

Coordenação: Lúcio Pinto Ribeiro

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