Você sabe o que significa fazer parte de um evento de expressão nacional, tradicional, emblemático, desde a primeira vez, há 40 anos atrás?
Ladislau José Lacerda, o seu Didi, sabe perfeitamente o que isso significa. Ele atua nos bastidores do Enduro da Independência, exercendo funções variadas, desde 1983, ano do primeiro EI.
“Era fiscal e na época o piloto de moto não podia receber nenhum tipo de auxílio. Era o chamado fiscal de neutro, o PC (posto de controle)”.
Ele trabalhava na prova com a esposa, Wilma de Melo. “Cada um marcava uma coisa na passagem da moto, um pegava o número e o outro conferia o horário”, conta.
Aí perguntamos: “Ah, seu Didi, qual é a idade do senhor mesmo?” E ele manda, de bate-pronto: “Sou novo, 75 anos bem vividos, com a esposa Wilma de Mello e as filhas Lívia e Flávia. Todas já participaram muito dos enduros, um abraço e até 04 de setembro”, emenda a resposta, já anunciando sua 40ª participação consecutiva na prova mais tradicional do País, de uma modalidade cem por cento nacional.
Confira o papo com o seu Didi, este autêntico patrimônio do Enduro da Independência, com todo seu alto astral.
O que o senhor lembra do primeiro Enduro da Independência, como foi que o senhor fez parte da equipe?
Vamos falar um pouco sobre os 39 EI passados. Tenho a felicidade de ter ido e participado de todos. Lembro do primeiro sim, mas pouco. Choveu muito na região de Barbacena, fui de carona com um dos responsáveis pela fiscalização nos neutros e principalmente nos pátios de chegada e pernoite da prova.
A função era não permitir que os pilotos recebessem ajuda de qualquer natureza de outras pessoas, mesmo que participantes da prova, nenhuma ferramenta ser emprestada. A única exceção era o borracheiro poder remendar a câmara.
Quais são as lembranças das primeiras edições da prova, na década de 80?
Muitas lembranças tenho das primeiras provas do EI, décadas de 80/90. Tínhamos que fazer muitas viagens antes para sabermos onde seriam os PCs daquele dia. Anotávamos tudo, nome do lugar, como chegar, os mata-burros, as porteiras etc. Eu, além de fazer o meu PC, ainda mostrava para outros PCs o local que havia visto para eles, preocupação dobrada, pois muitos deles não me acompanhavam nas estradas de terra, vai sofrer, pô!
Quais foram as suas funções ao longo de todo este tempo?
As funções eram fazer PC, PC e PC, até que em 1991 e 1992 fiz parte da diretoria do TCMG (Trail Club Minas Gerais), como diretor de PC, função que até então era do Montanha. Depois mais e mais PC, até a extinção do PC físico, com o aparecimento do GPS (que temos raiva dele).
O que representa para o senhor ser um dos personagens mais importantes, por ter trabalhado nestes 39 anos do Independência?
Não me sinto mais importante por ter participado de todas as provas, e sim muito feliz por ter sido útil junto à organização e a estes milhares de pilotos, e por ter tantos amigos que tenho hoje advindos do enduro. Faço referência a somente dois deles, ao Téo Mascarenhas, o primeiro, e ao Lúcio (Pinto Ribeiro) o atual, não nos esquecendo dos outros.
Tem algum momento mais marcante ou mais curioso, entre tantos, que de alguma forma ficou gravado?
Tem muitos momentos marcantes na memória. Curiosos, alegres, tristes e sofridos também. Feliz quando recebi o troféu pelos 25 anos de participação, em Mariana/MG.
A sua esposa sempre participou com o senhor?
Sim, minha esposa Wilma participou de umas 30 edições, e também nossas filhas Lívia e Flávia. A Wilma ama tudo isso, está triste por não estar participando ultimamente.
Qual a sua expectativa nos dias que antecedem esta edição histórica e imperdível dos 40 anos?
Muita expectativa às vésperas de todas as provas: será que vai me chamar? Até que em uma delas o Gustavo Jacob (presidente da Federação de Motociclismo do Estado de Minas Gerais e dirigente da Confederação Brasileira de Motociclismo) falou: “Didi, fica tranquilo, você vai em todas”. Nesta próxima agora, com mais 40 anos na cacunda, a expectativa é como será este 40º EI, passando por tantos lugares, sendo recebida por tantas personalidades importantes. Com certeza será lembrada para sempre.”
Até lá então, seu Didi!
Até lá, estaremos juntos, abraço!
Texto:: Misto Quente Comunicação
Fotos: Arquivo Pessoal e Léo Tavares
Coordenação: Lúcio Pinto Ribeiro