Para vencer o mais tradicional enduro de regularidade do Brasil, é preciso atenção a vários aspectos. Um dos mais essenciais é a navegação. Fechar a prova na ponta ou comprometer o treino de meses e o desempenho nas trilhas do mar à montanha com um erro podem estar separados apenas uma pequena desatenção.
Por isso, o atual campeão do Enduro da Independência, Jomar Grecco, aconselha: antecipe-se. “Quando eu pego uma planilha, eu imagino que vou fazer uma prova perfeita e buscar os melhores resultados. A dica para os iniciantes é: foquem na planilha. Dê uma lida no dia anterior, marque os lugares perigosos e as dúvidas. É claro que isso depende da vontade do piloto na prova”, considera.
Atenção
O coordenador geral do Independência, Lúcio Ribeiro, também alerta os participantes para os destaques da organização. “Tem que ter atenção com a navegação e ter cuidado com os pontos perigosos que a gente assinalou nas planilhas. É importante o pessoal ser tranquilo, não inventar moda em navegação, conferir o hodômetro e tudo mais”, avisa.
Ribeiro destaca a importância da participação de um campeão como Grecco ao lado da organização do EI 2019. “Tem uma longa experiência. Já participei de provas junto com ele em que a navegação fez a diferença. Ele estar junto com a gente é muito bacana. Ele dá dicas e é muito atento à navegação. Bacana demais a gente ver essas experiências de um cara igual ao Jomar”, agradece.
Cuidadoso
Grecco reputa à navegação grande parte de suas conquistas. “Eu digo que eu não sou 100% piloto. Sou 80% navegação e 20% piloto. Acredito que muito mais da metade dos meus títulos vieram por conta da minha navegação e não da minha pilotagem. Não sou muito técnico em pilotagem, pessoal me chama até de ‘bruto’ às vezes. Agora em navegação eu sou bem cuidadoso. Porque às vezes você pilota um dia inteiro e joga um dia de prova fora por um vacilo de navegação, pequeno que seja”, explica.
Segundo Lúcio, a organização trabalha para ajustar a prova de modo a permitir trechos sem imprevistos quanto ao combustível e facilitar o planejamento das equipes. “Estamos fazendo tudo para que todas as alças sem abastecimento tenham menos de 80 km, que é a autonomia média de uma moto de dois a quatro tempos. Disponibilizando as distâncias entre os neutros, cada um pode traçar sua estratégia”, explica.
Era digital
Com os equipamentos de navegação mais novos chegando ao mercado, Grecco decidiu acompanhar. “Conversei com um grande amigo meu aqui do Espírito Santo, o Erasmo, e a gente decidiu que tínhamos que pegar esse desafio juntos. Falei com ele: ‘temos que ir para a era digital, porque temos que sair na frente; não somos garotinhos mais e não sabemos até quando vamos competir’.”
“Antigamente gastava-se de três a quatro horas para marcar uma planilha. Hoje em dia, se eu baixar a planilha aqui eu estou pronto para a prova em 40 minutos. Esse foi o ‘tchan’ da coisa”, destaca Grecco. “Já tem três anos que eu estou navegando no digital. No primeiro ano foi bem complicado, muita coisa deu errado. Costumo dizer que um ano de enduro foi sacrificado para que nós pudéssemos nos adaptar. Aos poucos as coisas foram se ajustando. Até achar o aparelho certo, até achar a forma de usar, o suporte, a forma de carregar o aparelho… tudo isso foi um desafio”, conta o campeão.
Cuidados e dicas
Com o surgimento das planilhas eletrônicas e a introdução de novos equipamentos, os tipos de preocupações também mudaram. “Hoje temos muitos aparelhos em condições de navegação, mas os pilotos têm que tomar alguns cuidados. Tem que procurar um telefone à prova d’água e que tenha uma bateria durável, o que era um grande problema no início. Tentei usar um tablet, mas tive problema com reflexo. Por último, nós conseguimos acertar com um modelo de celular que atende muito bem às necessidades do piloto”, explica Jomar.
Alguns detalhes têm que estar em mente, segundo o campeão. “Uso o brilho no máximo. Se tiver um sol muito quente e a tela estiver escura, você não consegue ver direito. No Ibitipoca eu tive um problema e precisei trocar de aparelho durante a prova. Por acaso, tinha levado o meu aparelho do dia a dia na pochete. Carrego a planilha nele para emergência. E houve. No último neutro, precisei trocar o aparelho porque a bateria estava a 5%, e ainda tinha mais duas horas de prova pela frente. Então, é importante ter um aparelho reserva”, aconselha Grecco.
Configuração
Ribeiro aconselha aos participantes a manter a navegação o mais simples possível, e cuidar de seu equipamento para isso. “Fazer uma configuração de tela simples é uma grande dica. Ter cuidado com a bateria do aparelho também é importante e também não carregar o telefone com a moto em movimento, por conta do risco de curto circuito”, lembra o coordenador geral.
Grecco explica como gosta de configurar seu navegador. “Depois que você baixou a planilha, não depende mais do telefone fora do modo avião. Ele é apenas um transmissor das informações do sensor. A partir daí, cada um monta a tela de navegação da forma que achar mais correta. Acredito que não precise ter mais que quatro referências. Uma referência passada, a referência da vez e duas para frente já está o suficiente. Já vi piloto com uma só, mas acho complicado.”
No papel
Para a turma que ainda vai utilizar a planilha de papel, apesar de o equipamento ser mais rústico, o cuidado também começa antes de iniciar a trilha. “Uma dica importante pra quem vai na planilha de papel: não deixem de passar o durex fino atrás da planilha. Porque, se não, ela arrebenta. Às vezes as pessoas esquecem e acontece de se complicar por conta disso, então tem que ficar ligado”, alerta Ribeiro.
O Enduro da Independência conta com o patrocínio da Honda Brasil, Pro Tork Racing Development, Yamaha Racing, Totem, Rinaldi Pneus, Menta Motos, ASW Racing, By Moto – A casa da Honda, Cervejaria Backer, Slin Graphics, BMP Special Parts, Ello Benefícios, FIAT/Carro Oficial e apoio das Prefeituras Municipais de Ubatuba/SP, Itajubá/MG, Caxambu/MG e Lavras/MG.
Texto: Misto Quente Comunicação
Fotos: Leo Tavares/CF
